domingo, 10 de janeiro de 2010

História - Parte IV - Primeiros dias de UTINeonatal







No dia seguinte ao parto, depois de descansarmos e aguardarmos o horário de visitas, fomos ver nossa filha. Descemos à UTINeo e encontramos nossa pequenininha, tão frágil mas tão lutadora! Um dos médicos da equipe nos chamou e falou da possibilidade da Síndrome de Edwards, eles já desconfiavam mas é necessário um cariótipo para a confirmação. Ficamos o restante do horário de visitas com ela e, quando acabou, voltamos para o quarto do hospital. Na parte da tarde a visitamos novamente e à noite nós é que recebemos visitas. Os vovôs, de ambos os lados, foram nos ver, pena que não puderam vê-la pois não tem horário de visitas à noite. Quase fizemos uma festa, de tanta gente que tinha no quarto. No dia seguinte nova visita pela manhã e recebi alta. Um momento muito complicado para nós, sair do hospital sem ter nosso bebê no colo. Olhávamos outras pessoas que também estavam indo para casa com seus filhotes e o nosso ficando lá. Mas fomos à ação. Fomos ao cartório para fazer o registro de nascimento, Valentina já era uma pessoa perante a sociedade. Fui ao meu trabalho entregar a certidão para inclusão no plano de saúde, não queria nenhum surpresa negativa neste departamento, principalmente por não sabermos por quanto tempo ela ficaria hospitalizada. Chegamos em casa e tivemos outro momento bastante complicado, ver o seu quartinho arrumado e não tê-la para usufruir de tudo que fizemos. Dá uma sensação de vazio tão grande... Os dias seguintes foram uma rotina inabalável: acordávamos, íamos para o hospital, almoçávamos, voltávamos para o hospital e íamos para casa esperar o próximo dia. Nos sentíamos em um vácuo no tempo, sem nada a fazer a não ser ir e voltar do hospital, sem perspectiva de alta, nada nos alegrava, nada nos chamava a atenção. Íamos para casa e não tínhamos quase nada a conversar a não ser o estado da Valentina naquele dia, a medicação que estava sendo utilizada e outros assuntos sobre o mesmo tópico. Eu lia compulsivamente e o Junior virava noites pesquisando na internet as drogas, os tratamentos usados. Ele discutia com a equipe médica quase como se fosse um deles, entendia as mudanças da medicação, em que elas iriam afetar e até sugeria novos procedimentos. Várias vezes os médicos ficavam chateados, fugiam dele, os outros pais perguntavam se ele era profissional de saúde. Eu me concentrava somente em conversar com Valentina, dar amor e carinho. Nesse meio tempo, foi feito um ecocardio e o CIV dela finalmente foi quantificado, uma comunicação ampla de 0,9cm, que necessitaria de intervenção cirúrgica ainda sem data marcada. Também foram feitos outros exames que mostraram não haver nenhuma má formação interna, principalmente seus rins são perfeitos. Esta é uma das características mais marcantes da síndrome de Edwards: uma má formação chamada de rim em ferradura, uma membrana que liga os dois rins. Basicamente deveríamos aguardar ela ganhar peso para ir para casa. Mas ninguém nos avisou da iminência de uma cirurgia cardíaca paleativa chamada bandagem ou cerclagem da artéria pulmonar. Com o passar dos dias fomos percebendo que a sua capacidade respiratória ia caindo. Ela começou a ficar ofegante, com quedas de saturação, depois começou a dependência de oxigênio, o que era somente um cheirinho foi aumentanto, aumentando até que fomos proibidos de pegá-la no colo pois ela não aguentava ficar sem O2. Foi então que a equipe da cardiologia decidiu pela cirurgia, que foi marcada para o dia 23/12 às 10:00 da manhã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário