quinta-feira, 10 de março de 2011

História - Parte VIII - A vida na enfermaria

Um belo dia chega a notícia: vcs vão ser transferido para o quarto enquanto esperam a liberação do Home Care. Nem acreditei!!! Mas fomos, todos felicíssimos pela nova vida que se apresentava. De cara Valentina adorou a televisão que tinha bem em frente à cama, passávamos horas assistindo tb, eu me deitava com ela na cama, o que era um novidade, e ela ficava vendo a tv e eu cheirando, beijando, alisando aquela coisinha linda. Comecei a me sentir mãe de verdade pois comecei a puxar as tarefas do dia a dia para mim, quando as enfermeiras chegavam eu já tinha dado banho, trocava todas as fraldas, ficava ligada na hora das medicações, das dietas. Começamos a estabelecer uma rotina de vida. Valentina sempre foi dorminhoca, não gosta de claridade, nem de acordar muito cedo, então eu fechava as janelas, escurecia o quarto e ela dormia até umas nove da manhã, quando eu começava a abrir devagarzinho para ela não se irritar. Depois que o leitinho das nove terminava esperávamos a fisioterapia e depois dava o banho. Vestia suas roupitchas lindas e passávamos a tarde assim, juntinhas. No finalzinho da tarde saíamos para passear nos corredores do hospital, procurava um solzinho e ficávamos lá, curtindo um pouquinho. Um dia uma das enfermeiras me ensinou a fazer Shantala e passou a ser uma parte muito importante do nosso dia a dia. Quando dava umas sete da noite, eu tirava sua roupinha, fazia a massagem, depois ela ia pro banho bem quentinho e gostoso, vestia o pijaminha, tomava o leitinho, a gente assistia tv e, lá pelas nove e meia ela dormia.


Os dias foram passando até que chegou o dia do terceito mêsversário de Valentina, eu não podia deixar passar em branco. Comprei balões, pirulitos, enfeites para o quarto e transformei aquele quarto insípido em um ambiente de alegria e comemoração. À noite algumas pessoas vieram e fizemos uma minifestinha para comemorar tudo, sua recuperação, seus meses de vida, nossa alegria em estarmos quase indo para casa. Foi ótimo.

Quem nos visitava ganhava uma lembrancinha, além um pirulito.


Foram dias bem tranquilos, uma preparação que tivemos para poder ir para casa. Fomos nos acostumando a cuidar de Valentina e ela a ser cuidada por nós. Pudemos começar a nos sentir uma família de verdade, que convive diariamente, que se preocupa com as coisinhas do dia. Além de poder estar com Valentina o tempo todo, sem grandes interferências.


Valentina desfilando sua beleza.


E chegou o carnaval!!! Claro que eu não ia deixar passar em brancas nuvens.


Muitas fotos foram tiradas nesse período, que foi muito tranquilo. Somente vivíamos a expectativa do "quando iremos para casa?"


Ah, mas Valentina também aprontava as dela. Ela detestava a sonda naso e, vira e volta, dava um jeito de tirá-la. Nessas ocasiões aproveitávamos para tirar várias fotos do seu rostinho sem o bigodinho e sem a sonda, sonhando com o dia em que ela se alimentaria via oral e não precisaria mais usar essa sonda.




Eu estava sempre procurando jeitos de alegrar seu quarto, as enfermeiras diziam que era o quarto mais bonito do hospital, cheio de balões, de alegria e vida.


Mas finalmente o dia chegou: no dia 05/02/2009 finalmente fomos liberados para ir para casa. Como éramos inexperientes não sabíamos que ela poderia ser transferida de ambulância e passamos o dia todo esperando a liberação dos médicos e eles esperando a ambulância para nos liberar. Somente no comecinho da noite foi que o mal entendido se desfez e recebemos o documento da alta. Como havíamos levado muita coisa para o hospital, banheira, suporte da banheira, roupas, mantas, kit de limpeza, a saída foi praticamente uma mudança. Nosso carro ficou cheio de coisas. Mas foi uma das melhores sensações da minha vida poder sair do hospital com minha filha nos braços e mostrar-lhe o céu, a lua, sentir o vento. A colocamos no bebê conforto, que era tão grande para aquele pedacinho de gente, e fomos embora para a nossa casa. Que emoção foi poder colocar Valentina em seu berço pela primeira vez! Mostrar o quartinho que havíamos preparado com tanto amor. E ela entendeu que aquela era sua casa, ficou tranquila e logo dormiu.


Meus óculos de sol

Desde pequenininha Valentina tem uma forte sensibilidade à claridade. Qualquer solzinho é uma tortura para ela. Fica irritada, começa a chorar, é uma das poucas coisas que realmente a tiram do sério. Logo que viemos para casa ela, que sempre foi uma dorminhoca, acordava cedo, chorando muito e ninguém entendia o motivo. Aí percebemos que a janela do seu quarto fica virada pro nascente então a claridade começa cedo e fica bem forte. Fizemos uma experiência um dia: colocamos um cobertor grosso na janela e ela dormiu tranquilamente, acordou feliz da vida e nós fomos comprar cortinas blecaute, hehehe. De lá para cá as manhãs tem sido tranquilas, ela dorme bem, acorda disposta e a gente vai abrindo as cortinas devagar para ela ir se acostumando com a claridade. Mas quando era hora de ir para algum lugar era sempre uma operação de guerra. Apesar do insulfilm do carro, ainda colocávamos manta na janela do lado da cadeirinha dela e outra em cima do seu rosto, até ela ficar mais calma e podermos tirar devagar, uma coisa de cada vez. Sempre falávamos em comprar óculos escuros mas nunca demos sorte nas óticas aqui em Brasília, os que encontramos não eram adequados ao seu rosto. Por ter as orelhinha mais baixas eles ficavam caindo do rosto, nunca encaixavam, era um horror. Daí um dia resolvi fazer uma pesquisa na net e descobri essa marca de óculos para bebês, que não possui hastes, é ajustado com velcro, fabricado na Austrália, com proteção contra raios UVA, UVB, até UVZ e tem vários modelos. Escolhi esse que é um pink camuflado e encomendei numa ótica em São Paulo via Mercado Livre. Chegou em tres ou quatro dias e ficou perfeito!!! Valentina adora. Quando colocamos em seu rosto ela já sabe que é hora de ir para a rua e fica toda faceira. Aí estão as fotos para vcs verem minha gatinha de óculos de sol. Linda!